Quem esse Tal de LEL está pensando que é?

Quem esse tal de LEL está pensando que é?

Logo após o termino do PBP 2015, a turma do Brasil que lá esteve montou um grupo de discussão com aqueles que queriam ir para o LEL 2017, todos inspirados na experiência que o Richard Dunner havia tido em 2013.

Eu desde o inicio não era um entusiasta, mas mesmo assim aceitei que me colocassem no grupo, não gostava muito da ideia em pedalar um LRM em lugar frio, ainda mais depois de ter sofrido um pouco com isso no PBP.

Vieram as pré-inscrições e não fiz a minha, dos mais de 30 brasileiros que haviam feito.

Em 2016 tive o prazer de concluir as 1001 Miglias na Italia e não saberia se teria condições financeiras de arcar com uma terceira viagem em 2017.

Chegado o ano de 2017, aquele grupo de discussão na rede social ainda estava ativo, mas muitos saindo, pois não iriam para o LEL, eu pedi pra ficar para poder acompanhar as experiências dos amigos que haviam se inscrito, inscrições que foram bem difíceis de concretizar visto a limitação das vagas, muita gente que queria ir não conseguiu fazer a inscrição.

Foi quando recebi um email da organização me garantindo uma vaga, pois eu estava como postulante ao Premio Granbrevetto Europa, premio concedido a aqueles que tivessem concluído o PBP 2015, 1001 Miglia 2016 e que concluírem o LEL 2017 e mais um outro LRM da Europa em 2018. Fiquei muito honrado em ter recebido o convite especial.

Alguns amigos sugeriram que eu fizesse uma campanha para obtenção de patrocínios que viabilizassem minha viagem. Exitei  de inicio, mas fiz uma modesta divulgação da ideia para uns amigos e numa brincadeira na sede da Concept Bike Store, o Sr. Jose, pai do Denis, carinhosamente chamado de “Zé” falou … “Fala com o Denis que ele te Patrocina” , o Zé falou isso varias vezes naquele tom de brincadeira que lhe é pertinente. E numa das minhas visitas na Concept, vou sempre lá pra tomar um cafezinho e falar de bikes, fui chamado pela Família Gugia, o Denis, Seu Zé e também a Madalena, que chamamos de Madá, e me fizera uma proposta para me ajudar a arrecadar fundos, foi o ponta pé inicial da campanha, fiquei feliz e honrado por ter recebido aquela proposta, montei um modesto projeto de patrocínio e comecei a divulgar.

Aí veio outra surpresa, quando divulguei em um grupo de amigos que marcamos pedais, chamado de “Pedal de terça e quinta” vários dos integrantes se disuzeram a adquirir uma das quotas de patrocínio, rapidamente fizeram uma divulgação interna e com contribuições individuais arrecadaram os valores e “adquiriram a quota”. Sou muito grato a eles, pois naquele momento me fizeram acreditar que a campanha daria certo. Confesso que fiquei um pouco constrangido com aquilo, afinal eles haviam adquirido uma quota que dava direito a estampar uma marca na camisa e iríamos colocar o que? Surgiu então a ideia de colocar os nomes ou apelidos de casa um na camisa, são eles: Dalla, Danimal, Divino, Klebones, Mauricio, Ivan, Russão, Rejão e o João Mario,  acabei cometendo o engano  de  não colocar o nome do João Mario na Camisa. O Saad também do grupo, interviu para que eu conseguisse o patrocínio do Colégio Ábaco.

Fui indicado pelo Helber, companheiro de pedal e café na Concept Bike Store , para o Luiz Gustavo da Authos Fitness que prontamente fechou uma das quotas de patrocínio, além da Esthetic Aligner que me procurou após ter conhecimento da campanha e também fechou uma das quotas.

A Agencia Pixel  representada pelo amigo Fernando Fazzane também me ajudou no projeto, com o desenvolvimento da arte do uniforme juntamente com a Anyma Sportware na confecção do mesmo.

Com o apoio da Concept Bike Store e do Bruno Fermino desenvolvemos um crowdfunding  e colocamos uma bicicleta como recompensa para aqueles que  aderissem  campanha, que aliás foi um sucesso, com a participação de muitos amigos e até mesmo pessoas que tive o prazer de conhecer somente depois da adesão a campanha.

Então, fechado o orçamento, era hora de treinar e se preparar para o temido LEL

Embarquei uma semana antes da largada para ambientação do local, clima e fuso horário, fiz alguns treinos de reconhecimento da parte inicial de percurso e do local de largada, foi bom até pra acostumar a andar na “contramão” já que no Reino Unido a mão do trânsito é invertida.

Escolhi largar as 9:00 horas, primeiro horário, gosto de pedalar a luz do dia e quanto mais cedo melhor, mas por excesso de ciclistas me colocaram para largar as 15:45, rrrrrrrrrrrrrr, os conhecidos mais chegados largariam as 14:00, Fabricio, Giu, Luciana, Raniel e Richard, o Gualberto as 14:45, então minha ideia era apertar no inicio para alcança-los o quanto antes, apesar de eu adotar a pratica de pedalar sozinho, é muito ruim saber que não haveria nenhum conhecido por perto.

Largada, eu estava me sentindo muito bem e soquei a bota, como já conhecia grande parte da primeira etapa, não tive nenhuma surpresa, cheguei em St Ives, 100 km, num clima agradável e ainda dia, com media de 28 km/h, comi e reabasteci rápido e segui para o próximo.

Até Spalding foi uma das partes mais bonitas do percurso, margeamos  um canal muito legal, após 60 km, também com media de 28 km/h, cheguei e já encontrei alguns dos amigos que saiam enquanto eu chegava. Já escurecia, mas o esquema era o mesmo comer, reabastecer e sair rápido, eu já previa que a media iria diminuir pois chegava a noite e o percurso iria começar a dificultar.

Parti para o PC 3 em Louth já com menos sangue nos olhos rsrsrsrs, ainda muitos participantes pelo caminho, como eu estava rápido, deixei muitos para trás. Num momento de desconcentração , ao tentar visualizar a rota no GPS, saí da estrada de cai da bicicleta, por sorte era uma parte de capim e nada ocorreu com a bike e nem comigo, somente uma leve escoriação na altura do ombro e um pequena dor não esquerda, levantei, verifiquei se estava tudo em ordem e segui, quilômetros a frente, que percebi que uma da minhas garrafas de água havia caído e ficado para trás, mas tinha outra, então bora lá, eu havia deixado caramanholas reservas nos Drop Bags. Não citei esse incidente nas minhas postagens PC a PC que fazia na rede social, para não causar apreensão entre os amigos e principalmente a minha família. A expectativa agora era quando iria alcançar os meus amigos, eu sabia que a média deles seria inferior que a minha, devido ao estilo de pedal de cada um, então era inevitável que eu os alcançasse, que ocorreu bem no final da etapa, bem na parte de maior inclinação de todo o LEL, numa subida com 15% de inclinação, passei pela Lu, fiz uma brincadeira qualquer e continuei, logo no topo estavam o Giuliano e o Raniel que esperavam a Lu terminar a subida, de pouco mais de 400 metros, porém muito dura, logo cheguei em Louth. Encontrei o Richard já de saída dizendo que não havia comida naquele PC, mas pouco depois o PC já havia sido reabastecido e me alimentei, foi o primeiro que parei um pouco mais para descançar, eram 243 km rodados, nesse pude confraternizar um pouco com a Lu e o Fabricio que estavam preocupados com a demora do Raniel e Giu, mas nada grave, apenas dois pneus furados, logo eles chegaram e eu parti para a estrada.

O destino agora era Pocklington, mas antes passaríamos pela Ponte Hamber Bridge, começava em fim o LRM, ou seja, o cansaço, o sono etc, etc, como larguei muito tarde não poderia dormir na primeira noite, seguiria até a noite seguinte sem pregar o olho.  Até a ponte ainda de madrugada  o percurso era por uma floresta de subidas e descidas, mais decidas, mas só conclui isso na volta rsrsrsrsrs. Pouco antes da Ponte já na cidade, parei com alguns outros ciclistas num tipo mercadinho, para tomar um café bem quente, mas para minha infelicidade a maquina quebrou bem na minha vez rrrrrrrrrrrrrrrrrr, fiquei sem o café, comprei alguns chocolates e segui em frente, atravessei a ponte com o nascer do Sol, parei, congratulei a natureza, fiz algumas fotos e aproveitei pra descansar também. Aproveitei e acompanhei um grupo que atravessava a ponte, logo depois tive um problema mecânico, as marchas não mudavam,  parei fiz uma pequena verificação e com um movimento um pouco diferente do habitual, as marchas voltaram a funcionar, meio precariamente, mas dava pra chegar até o PC onde deveria haver algum apoio mecânico. Encontrei a Karin pouco antes do PC, empurrando a bike, estranhei, seria muito cedo para encontra-la, já que ela havia largado 6 horas antes de mim, falei para ela montar na bike e subir pedalando, ela reclamou de muito calor, achei mais estranho ainda, pois eu estava congelando, após a madrugada fria e que apesar de sol sair bem cedo, por voltas das 4 da manha, demora muito a esquentar, segui em frente, depois fiquei sabendo que ela abandonara a prova com suspeita de pneumonia. Cheguei em Pocklington e fui direto ao apoio mecânico, fizeram uns pequenos ajustes e o cambio voltou ao normal, ou quase.  Eu tinha o Drop Bag lá, mas resolvi não usar. Nessa altura, já era comum eu encontrar com o Gualberto e o Richard nos Pcs, não pedalávamos juntos, mas nos encontramos bastante.

Bora pra Thirsk, esse foi o trecho que mais me surpreendeu, não esperava tanta subida e tanta dificuldade, pode até ter sido reflexo do cansaço, mas foi um dos bem bonitos também, passamos por York, onde está o Castelo Howard, lugar bem legal e o sol raiava na estrada, parei para algumas fotos, o Gualberto chegou, pedalamos um pouco juntos e ele abriu. Pouco antes do Pc uma subida não estudada “me bateu”, rsrsrsrsrs, entre amigos brincamos que quando uma subida te bate, aceite, mas na volta você da o troco, teoria do Takei, rsrsrsrs, parei bastante irritado, descansei a sombra de umas arvores, fui ao “banheiro”  sentei mais um pouco, o Richard passou, perguntou se estava tudo bem e  seguiu. Logo depois vi que estava com pouca água, foi o único trecho que a água faltou, nos demais nunca gastei mais que meio litro entre os PCs, muito importante se alimentar e beber muito nos Pcs, seja água ou suco, e as vezes tinha refrigerante também. Recuperado, montei na bike e acabei de subir, logo em seguida vieram uma sequência de subidas e de descidas muito boas, minha bike estava rendendo bem nas descidas, isso ajudava a embalar nas subidas, acredito ter sido a bolsa de guidão que adotei no LEL, nunca tinha feito uso da mesma,  mas acredito que tenha dado um equilíbrio diferente e melhora no rendimento nas descidas, era nítido a diferença de velocidade que eu atingia em relação aos outros nas descidas. Logo alcancei o Richard e mais a frente o Gualberto, chegamos praticamente juntos em Thirsk com 407 km nas costas já, o cansaço era nítido nos 3, o Richard tinha Drop bag e aproveitou mais o PC, eram aproximadamente 1 hora da tarde da segunda feira, pouco mais de 20 horas de prova.

Conversamos sobre o que viria pela frente no próximo trecho e concluímos que seria duro, mas não tem o que fazer, bora encarar, saí primeiro e logo de cara peguei uma chuva, resolvi para debaixo de uma árvore junto com um ciclista japonês, meus inglês com o japonês fluiu bem kkkkkkkkkkkkkkkkkkk, concluímos que a chuva iria parar, esperamos um pouco, a chuva parou se seguimos. Apesar de haver uma sequencia de subidas e descidas, sempre subindo mais, meu desempenho estava muito bom, puxei um pelotezinho por um bom tempo até que deixei todos de roda e abri, estava bem divertido, abrir fuga dos demais, o tempo super agradável, então soquei a bota nesse trecho, paguei o preço no final da etapa pois de uma quebrada e ainda enfrentei o vento contra pela primeira vez no final da etapa, mas foi muito legal a etapa até Barnard Castle, lugar impecável.

Pronto, era chegada a etapa da Yad Moss, a maior subida do percurso, cerca de 20 km de subida constante, porem de baixa inclinação, lugar impar em relação a beleza natural e também pelo cuidado humano, fazendas de ovelhas que fazem companhia aos ciclistas o tempo todo com seus amáveis berros, muitos coelhos também, mais o triste é que vemos muitos coelhos atropelados na estrada, muito triste, pois são bem bonitinhos de vê-los correndo nas matas, vi dois cordeiros no percurso também, pena que não deu pra fotografar, ele são bem ariscos. Subida no seco porem a 7 graus no topo, bem frio, a descida é mais íngrime, então a bike atinge uma boa velocidade em retas longas descendo, da um certo medo de estourar um pneu ali. Na base fica Alston, que tinha um PA dormitório, mas passei reto, queria chegar em Brampton o quanto antes para dormir, ainda era dia então segui em frente. Cheguei no PC as 22:00 horas, era chegado o momento de comer e dormir, solicitei uma cama e que me acordassem as 4:00, queria aproveitar bem a noite de sono, fugir do escuro e do frio. Eles te acordam no horário que você solicitar, alias a organização esteve impecável, muito boa mesmo em todos os sentidos. Não precisei ser acordado, 10 minutos antes das 4 acordei e já comecei a providenciar a partida, não sem antes tomar um belo café da manhã.

Em direção a Moffat o LEL começou a dar as caras, apesar do trecho não ter maiores dificuldades, o frio sempre presente ganhou a companhia da chuva, bem tenso pedalar na chuva logo cedo, mas durou pouco mais de uma hora, logo secou e o tempo abriu um pouco, nessa altura já não são muito ciclistas que você encontra pelo caminho, já estão todos bem espalhados, trafeguei pro um longo trecho numa estrada com ciclovia, muito legal isso, longas retas em falso plano subindo, Moffat é uma cidade muito bem arrumada como quase tudo aqui, 630 km rodados,  41 horas de prova.

Na saída de Moffat pegamos um serra de 12 km, subi muito bem, ultrapassei vários participantes na serra, logo em seguida uma longa descida, o dia estava bonito e a paisagem melhor ainda, seguimos por um tipo de vale, montanhas dos dois lados por um bom tempo, um belo visual, a parte negativa desse trecho é o asfalto rugoso, uma peça do meu STI não aguentou a trepidação, quebrou e caiu, mas não comprometeu o funcionamento, até melhorou, já que o cambio não funcionava em 100%, aquela peça quebrada deveria estar prejudicando o bom funcionamento. Em alguns momentos da prova, a gente cruza a todo momento com as mesmas pessoas, ora ultrapassamos, ora somos ultrapassados, acontece pois os ritmos de prova são parecidos e acabamos pedalando juntos, foi com um grupo desses que cheguei em Edinburgh, essa chegada é especial, pois atravessamos um parque numa cliclovia muito legal e renovadora. Cheguei  em Edinburgh as 13:39, pouco menos de 46 horas de prova, dentro da minha meta que era 48 horas. A fila para a comida estava muito grande, resolvi então tomar um banho e trocar de roupa, pois eu tinha um Drop Bag lá, o banho é uma hora de relaxamento, você se desliga da prova e aproveita pra descansar também. Costumo retirar tudo da bolsa e selecionar o que vou utilizar. De banho tomado voltei pra área de alimentação, mas a fila ainda era grande, eu não estava disposto a pegar aquela fila, peguei sucos e alguns bolos  que tinham disponíveis sem fila, além da fila, tem hora que você não aguenta mais comer as comidas dos PCs, são repetitivas e até o cheiro me enjoava, foi muito bom e prazeiroso fazer uma refeição diferente. Encontrei novamente o Gualberto. Gastei um pouco de mais tempo nesse PC

Na hora de sair estava chovendo, esperei um pouco pra ver se passava a chuva, aproveitei e dei uma olhada no passaporte para ver as distancias dos próximos PCs. Apesar de ser um Bate e volta, não voltaríamos para Moffat, a rota mostrava ir direto para Brampton, porem o Passaporte apontava 2 Pcs antes de Brampton, fui checar a planilha e era isso mesmo, apesar da rota do GPS apontar 150 km até Brampton, passaríamos por 2 controles no meio do percurso, bateu uma certa insegurança naquele momento de confusão, parti num ritmo mais tranquilo, a fim de que ficasse acompanhando outros ciclistas. As paisagens da Escócia são muito belas, um prazer pedalar naquelas estradas, são estradas diferentes das que temos aqui, pequenas estradinhas, asfaltadas que cortam a paisagem rural, seria como se aqui no Brasil asfaltassem aquelas pequenas estradas vicinais de terra, difícil explicar, só pedalando na Europa mesmo, na Itália também temos muito dessas pequenas estradas que parecem mais ciclovias. A impressão era que estávamos agora subindo aquelas belas montanhas que visualizamos quando seguíamos para Edinburgh, paisagem espetacular acho que até estou ficando repetitivo. O vento contra reapareceu e subir com o vento contra é ainda mais difícil, quando começamos a descer a expectativa era a chegada do PC, descida foi muito divertida, apertei o ritmo pra ver se alcançava um grupo que estava um pouco a frente. Quando chegou a quilometragem que apontava um PC no Passaporte não tinha nada, bateu aquela insegurança novamente, mas como tinha muitos ciclistas juntos, continuei na mesma embalada, até que 6 kms depois chegou o PC, ou seja a diferença entre o meu GPS e a Planilha estava em 6 kms, sem fome, nessa segunda parte do LEL, na volta, comecei a usar os repositores em gel e pastilhas que levo comigo, é bom até pra modificar i tipo alimentação e os sabores também. Foi muito legal a recepção que tive em Innerleiten, um garoto que trabalhava como voluntario, após passar meu passaporte pelo sistema, viu que eu estava com 15 horas de folga em relação ao fechamento do PC, ele fez uma festa, rsrsrsrs, até desenhou uma carinha feliz no meu passaporte, comi uns docinhos também e parti pro próximo.

A Escócia é realmente bonita, sem novidades nessa etapa, até mesmo em relação as paisagens  que continuam muito belas, nesse trecho percorremos uma estrada beirando um rio, pena que as fotos não refletem a beleza do lugar. Nessa estrada havia um caminhão encalhado, o motorista deve ter se distraído e saído da estrada e caiu na vala, como esses 2 PCs intermediários eram de pouca quilometragem de um pro outro, utilizei a mesma tática, cheguei, comi rapidamente, tomei uma coca reabasteci de água e parti, queria chegar logo em Brampton pra minha segunda noite de sono, o cansaço bateu, a noite caiu, o ritmo diminuiu, demorou pra chegar em Brampton, chegou um momento que eu estava completamente só na estrada, nessas horas você pensa se está realmente na rota certa, checa o GPS, a planilha tenta reconhecer a estrada que já havia passado na ida e alguma coisa vai te indicar se esta correto ou não, mas só tem certeza mesmo depois que alcança ou é alcançado por alguém e foi o que aconteceu, um grupo me alcançou e aumentei o ritmo pra acompanhá-los, assim o tempo correu mais rápido e cheguei no PC. A noite quando você está perseguindo alguém, como não tem muita coisa para ver você fixa o olhar no ciclista da frente e é impressionante a cadência adotada pelos Randonneurs europeus, chega até a irritar de tão alta que é a cadência, randonneurs brasileiros tem uma cadência menor. Cheguei no Pc as 23:30, bastante cansado, queria comer e dormir, foi a primeira vez que cruzei com o carioca Silvio no LEL, ele estava no PC de banho tomado pronto pra ir dormir, enquanto eu me alimentava, logo chegou o Gualberto também. Consegui uma cama e pedi pra me acordarem as 5 da manhã.

Acordei, arrumei as coisas e saí, estava bem frio, ah esse verão britânico… o vento deixava a sensação térmica mais baixa ainda, chegada a Yad Moss, bora subir a face mais íngreme da mesma, apesar do frio subi bem, pouco antes do topo um senhor com uma Van recebia os participantes oferecendo café, chá e um doce, aceitei o chá, o Silvio estava lá também, mas logo saiu enquanto eu esperava o chá, foi bom pra aquecer e descansar um pouco. Segui, logo chegou o topo, parei, fechei os zíperes, coloquei  um cachecol pra enfrentar a descida, decida esta que não foi tão rápida, pois a inclinação é baixa, agora era pedalar pra chegar na Bela Barnard Castle. Comemos juntos, eu, Silvio e Gualberto.

Agora é seguir pra Thirsk, que é uma sequencia de mais descidas, que na ida eu fui muito bem, então acreditava que iria repedir o desempenho ou ser até melhor, mas não foi o que aconteceu, sei lá acho que tinha um vento contra que atrapalhou, mas o trecho é bem agradável de pedalar, cheguei em Thirsk as 13:20 horas, encontrei o Gualberto novamente que se queixava de dor no tendão, disse que iria procurar um medico ou uma farmácia, bora pra Pocklington, a meta era chegar em Louth ainda hoje.

 

Chegada a hora de revidar o que apanhei na ida nesse trecho, estava me sentindo muito bem, o inicio era de mais subidas do que descidas, porém a paisagem era muito bela, realmente um belo lugar, com a estrada bastante arborizada, detonei aquelas subidinhas e quando cheguei no trecho de descidas, bati… mas bati muito naquela descida que apanhei pra subir rsrsrsrsrsrs, bati tanto que dei uma quebrada no trecho do Howard Castle, alcancei um ciclista que estava com um daqueles triciclos, uma speed com duas rodas na trazeira e vi como aquilo é instável nas descidas,  a impressão que dá, é que o ciclista tem que segurar tudo na bike pra evitar turbulência na mesma, depois do Howard Castle, vem um trecho mais plano, porem foi aí que as dificuldades maiores do LRM começaram, incrível o vento contra que enfrentei, não conseguia pedalar em mais de 12 km/h no plano, aquilo não era vento contra, era uma verdadeira ventania, o vento dava verdadeira porradas na bike, de frente, cruzados e laterais, isso atrasou muito a minha chegada em Pocklington, foi desesperador. Quando cheguei no PC, exausto psicologicamente, tive que repensar os planos de seguir para Louth, ainda era dia, mas o vento estava muito forte, eu tinha um Drop Bag lá, então poderia seguir, ou tomar um banho trocar de roupa e seguir, ou ainda dormir por lá mesmo a fim de esperar o vento parar, demorei um pouco pra decidir o que fazer, encontrei o Gualberto, conversamos e decidimos que iríamos tomar um banho e dormir. No dormitório, ainda claro não consegui dormir, tentei por umas duas horas dormir e nada, então decidi que iria seguir, ainda era dia mas logo anoiteceria, mas de que adianta ficar parado ali acordado. Na saída do dormitório vi a bike do Richard, legal saber que o mestre estava por perto.

 

Parti por volta das 22:00 horas, o vento já era bem menor, havia vários ciclistas na estrada, segui num pequeno grupo, mas logo deixei os para trás, queria andar num ritmo mais rápido. Pegamos um pouco de chuva fraca, nada demais. Acompanhei por um certo tempo, um daqueles veículos com carenagem, até que em um momento onde haveria o desvio da rota o veiculo seguiu em frente quando deveria de virado a esquerda, eu segui na rota que o GPS apontava, houve uma certa indecisão naquele momento, sempre ocorre isso, será que estou certo? Ou ele está certo? Pra complicar passa um ciclista no sentido oposto, como se estivesse voltando de um erro, parei… esperei um pouco até que aparecesse outro ciclista, foi o que aconteceu, então segui na minha rota. Foi um daqueles momentos em que você se sente meio perdido, sem ter certeza do que está fazendo, continuei e logo aparecerem várias luzes atrás, então me senti  mais seguro para continuar, comecei a me sentir quente demais, muita sede, no SR de Guaratinguetá já havia sentido aquilo, naquela oportunidade a minha água secou, me preocupou isso, comecei a economizar água, fiz tipo um racionamento, limitando o intervalo de tempo pra beber água e também a quantidade de água em cada gole. Com uma chuva fraca sempre nos acompanhando apareceu um ciclista mais rápido e tentei acompanhá-lo à distancia. Foi bom, pois o ritmo aumentou e descansei o psicológico, socamos a bota, o refletivo da botinha dele brilhava com a luz do meu farol e seguimos bem rápido, chega a irritar a cadencia que ele impunha no pedal, incrível como os europeus fazem isso, haja bunda. Enfim chegamos na cidade, o ciclista me elogiou, dizendo que eu estava bem rápido, deixei-o para traz e segui até a Ponte Hamber Bridge, cheguei na ponte sozinho, foi o único momento em que senti uma certa insegurança, pois passaria no meio de um pequeno parque para acessar a ponte, havia algumas pessoas a pé, cruzei com duas garotas, fiquei meio desconfiado, mas foi trauma de brasileiro, que ve bandido em qualquer beco, atravessei a ponte, desta vez a noite, passei por alguns ciclistas na ponte, um grupo que falava espanhol. Do outro lado, minha esperança era encontrar algum estabelecimento aberto, pra tomar um café e reabastecer de água, mas estava tudo fechado, encontrei um grupo de perdidos, perguntaram se eu tinha GPS, respondi que sim e os caras vieram juntos, falavam frances, alcançamos outro ciclista que parecia ser conhecido dos demais, logo imprimiram um ritmo mais forte e fiquei para trás. Num momento de extrema solidão, escuridão total começou a chover, desta vez chuva mesmo e foi piorando a cada quilometro, um temporal na verdade. Totalmente encharcado, a uns 12 graus de temperatura, de madrugada, só me restava continuar, deu um certo medo pois ventava bastante também, a estrada estava numa mata fechada, então  meu receio era cair uma arvore em cima de mim, ou na estrada, mas iria fazer o que? Parar e congelar? Segui em frente, aproveitei até pra beber a água da chuva que escorria na minha boca pra economizar a minha água, rsrs, aumentei muito o ritmo pra me manter aquecido. Foi quando num vilarejo encontrei vários ciclistas tentando se proteger da chuva num ponto de ônibus, parei, mas não por muito tempo, lá já havia ciclista passando mal de frio, então resolvi seguir. A chuva não dava trégua, numa decida a estrada estava totalmente alagada, vi em cima da hora, passei pela enxurrada torcendo para que não houvesse nenhum obstáculo escondido sob a água. Continuei subindo alucinado, passei por um ciclista e continuei forte, meu pensamento era me manter aquecido, até errei uma entrada e tive que voltar uns 2 quilometros após perceber no GPS que estava fora da rota. Para complicar o arquivo da rota daquele trecho estava com erro e tínhamos a orientação de usar a rota da ida invertida, eu simplesmente estava acompanhando pelo GPS o caminho que tinha percorrido na ida, então não tinha os alertas do aparelho das mudanças de direção e etc, e pra complicar ainda mais, com aquela chuva toda, tela do GPS molhada, óculos molhados, mal dava pra enxergar, nem a estrada eu enxergava direito, mas não tinha o que fazer tinha que continuar, num outro vilarejo, em outro ponto de ônibus havia uma ciclista japonês dormindo, o ponto era protegido por paredes de vidro e o ciclista estava seco, provavelmente se escondeu lá antes da chuva, ele acordou com minha chegada e perguntei  quantos quilometros faltavam pro PC, ele respondeu 15 km, bateu com os meus cálculos, então segui viagem. Mais a frente no alto de uma subida, aliás, muitas subidas, eu não lembrava de ter descido tanto na ida, voltando ao assunto, no alto da subida eu vi um carro, ele ligou o pisca alerta e manobrou na estrada, eu conseguia visualizar o carro indo com o alerta ligado por um bom tempo, parecia que ele queria me mostrar o caminho e sumiu, de repente vejo o carro parado, um sujeito com uma roupa branca, fora do carro parecendo um astronauta rsrsrs, devia ser uma capa de chuva, uma bike meio que jogada no mato a beira da estrada, não vi nenhum ciclista, isso me preocupou, mas segui em frente, queria chegar logo, mais a frente num outro vilarejo, um carro de policia e enfim chegava o PC. O que fazer? Todo encharcado, cansado, com dores, sono, fome, sede… Fui pro vestiário, fiz um balanço do que eu tinha pra “sobreviver”, seco somente uma capa de chuva reserva, uma manta térmica e minha segunda pele, daquelas cheia de furinhos meio úmida. Tomei um banho bem quente e demorado, assim como vários outros ciclistas pendurei as roupas molhadas pra secar penduradas no vestiário, vesti o bretelle molhado, a segunda pele úmida e a capa de chuva e pedi uma cama, pra dormir 2 horas, debaixo das cobertas, tirei o bretelle molhado e consegui me aquecer para dormir. Durante todo o sono, era como se o Fabricio estivesse ali do lado me perguntando o que eu iria fazer quando acordasse pra continuar, acordei, vesti  o bretelle que estava menos molhado, forrei a parte interna com um pedaço de manta térmica, vesti  a sapatilha com o pé forrado com manta térmica e cobri o tórax com o restante da manta térmica, vesti a capa de chuva, estava bem frio, mas seco, parecia que o sol daria as caras logo. Pela primeira vez encontrei com o Fernando de Santa Catarina, que havia passado pela mesma chuva que eu, por sorte ele tinha o Drop Bag naquele PC e tinha uma troca de roupa seca, perguntei se sobrara alguma peça seca e tive resposta negativa, desejei boa sorte e ele partiu, comi algumas frutas de café da manha, troquei umas mensagens no Whatsapp com a galera que nos acompanhava por aquele app, reclamei com o Caetano que havia declarado que não torceria mais por mim porque eu estava com tempo de sobra, num LRM precisamos de toda a torcida sempre, pois só termina quando acaba rsrsrsrsrs. Segui viagem.

Logo, assim como previsto numa conversa com o Dunga, comecei a esquentar demais devido a manta térmica, parei e fui tirando aos poucos a manta térmica, sempre também, como uma peça de roupa molhada amarrada no pescoço pra com o vento secar, consegui secar um corta vento e a capa de chuva principal dessa forma, até porque já começava a ventar novamente. Numa cidade no meio da rota, Horncastle, parei numa bombonier, parei, comprei yogurte, chocolate, água e aproveitei para fazer uma checagem geral, em mim, na bike e no que tinha disponível, tirei o restante de manta térmica, me vesti mais adequadamente, pensei em procurar alguma loja de roupas esportivas pra comprar e vestir algo seco, mas conclui que não era mais necessário, o bretelle já estava seco, eu vestia a segunda pele, o corta vento do Audax ABC e a capa de chuva da ERT, suficiente pra seguir, o único incomodo agora era carregar a mochila com as peças de roupas molhadas, pernito, manguito, Jersey, meias e os demais mantimentos, o peso incomodava um pouco, mas faltava pouco mais de 250 km pra terminar. Cheguei em Spalding PC 17 já com um vento contra mostrando pra que veio. Encontrei o Silvio e o Gualberto, que também haviam tomado a mesma decisão que eu e enfrentado a mesma chuva na madrugada, só não tinham dormido em Louth, encontramos o Cesar Dosso também, falamos dos suprimentos que ainda tínhamos disponível, já havia encontrado com  o Dosso em outros PCs também, sempre muito rapidamente, chegando ou saindo dos PCs, em Spalding pudemos trocar ideia por mais tempo, o Cesar me cedeu uma cartela de Ibuprofeno, pois aquela altura, depois de ter passado muito frio, na chuva, com imunidade bem baixa, uma tosse e a garganta eram mais dois incômodos. Bora pra St Ives.

Logo na saida de Spalding, já pegamos uma via que margeia um canal, parece com um dique, muito bonito por sinal e o vento já era bem forte, precisaria a partir dali de muita paciência pois o pedal não iria render, a ideia de chegar ao fim antes de anoitecer, já tinha ido por água abaixo. Alem do vento normal, surgiam umas rajadas que davam uns trancos, que se bobeasse te jogaria fora da estrada, paciência, essa era a palavra… depois de sair da margem do canal em um semáforo, uma garoto junto com a mãe ofereciam balas para os ciclistas, me lembrou o clima do PBP, em que diversas famílias ficam as margens das estradas oferecendo ajuda os ciclistas, mais a frente o mesmo ocorria com um senhor, aceitei uns doces deliciosos que ele oferecia, era a única coisa boa que acontecia naquele momento de vento contra absurdo, depois fiquei sabendo que era de 30 km/h a velocidade do vento.Foram longas horas pedalando contra o vento, hora bem de frente, ora vento cruzado, ora lateral, paciência? Essa o vento já tinha levado embora faz tempo. Esse trecho com esse vento, foi a pior parte do LRM, pois aquilo não faz parte do esporte, sabemos que as vezes pegamos um ventinho, subidas longas, ou íngremes, mas aquela ventania só estava lá tirar o nosso prazer de pedalar.  Uma curiosidade que percebi é que ja perto de St Ives, numa planície descampada onde o vento aproveitava ainda mais pra retirar nossa energia, o GPS apontava altitude -10, ou seja, de acordo com o GPS estávamos abaixo do nível do mar, outra curiosidade, é que chegando em St Ives numa concessionária de veículos, havia uma oferta de um Mini Cooper por 1.999,00 libras, inconcebível imaginar isso no Brasil. Enfim cheguei em St Ives. Numa mesa do refeitório, estavam reunidos, Eu, Fernando, Dosso e Silvio, o Brasil representado ali por 4 Estados diferentes, demos até uma entrevista para a organização do evento que gravava alguns vídeos por ali, logo chegou também o Gualberto. Enquanto nos alimentávamos, falávamos das nossas intenções dali pra frente, afinal havia somente mais um PC e a chegada, falamos dos tempos que cada um ainda tinha de folga, da hora que cada um tinha que chegar, etc etc etc. Silvio, Dosso e Fernando partiram antes, eu e Gualberto demoramos mais um pouco naquele PC.

Nesse penúltimo trecho, havia duas opções de rota, uma que passava por fora de Cambridge com mais elevação e outra mais longa uns 4 kms, porem com menos elevação e que passaria por dentro da cidade de Cambridge, mas na hora de selecionar a rota no GPS nem lembrei disso, selecionei a primeira que vi e adivinha qual foi? lógico, a de maior elevação, mas sai sem perceber ou lembrar disso, com aproximadamente 1.330 kms pedalados, o que você pensa é em terminar logo e nas dores que está sentindo, demora alguns kms pra você se acostumar ao selim e sentar, o vento havia diminuído muito, com isso o prazer em pedalar volta, o dia claro e clima agradável, só contribuem pra um prazer ainda maior, principalmente perto do fim, só estranhei que não alcançava ninguém e tampouco era alcançado, comecei a achar estranho aquilo, mas o pedal estava bem legal, os lugares agora mais próximos a Londres, mais povoados e muito bem cuidados. Então lembrei das opções de rota e chequei que estava na de maior elevação, relaxei e continuei a pedalar. O prazer durou até a luz do dia cair, aí meu ritmo desaba, comecei a encontrar outros ciclistas, pois na ultima parte do trecho as duas opções de rota se coincidem, colei numa dupla e segui com eles até o PC, que pra chegar nele tivemos uma serie de vira pra lá e vira pra cá, irritante até, bem, pedalar no escuro me irrita muito, estávamos próximos a algum aeroporto e no inicio tive uma alucinação onde os aviões pareciam sumir e reaparecer de repente, pensei que eram discos voadores, mas eram somente as arvores que escondiam os aviões da minha visão rsrsrsrs, Ufa cheguei no ultimo PC Great Easton, encontrei novamente com o grupo de brasileiros, cada um planejando a hora de partir para a chegada, comi umas frutas, um gel repositor, cedi a minha refeição do PC pro Fernando, pois não aguentava nem sentir o cheiro de comida mais,  descansamos um pouco, combinei de seguir junto com o Silvio, este pediu uns minutos pra carregar o celular, nisso bateu um sono, o Silvio sugeriu que eu dormisse por uma hora, sugestão aceita, solicitei uma cama e pedi pra ser acordado a 1 da manhã, o Gualberto fez o mesmo,  apaguei. Exatamente a 1:00 hora fui acordado, junto com o Gualberto, levantei procuramos o Silvio e este já havia partido, achei o Richard dormindo debruçado numa mesa do refeitório e comecei a me preparar pra seguir pra chagada, logo o Richard depois de uns 15 minutos de sono levantou e disse que estava num grupo que pretendia partir um meia hora, me juntei a eles, enquanto aguardava  restante do grupo, surgiu o Daniel Gualberto dizendo que iria dormir um pouco mais, ele estava acompanhado de dois voluntários, depois que soube que um era medico e que o havia aconselhado a descansar por mais tempo, realmente a aparência do Gualberto era de exaustão.

Estava bem frio, a turminha do Richard juntou, juntaram se a nós outros ciclistas e partimos num pelotão. Em plena madrugada é bom pedalar em grupo, principalmente no ultimo trecho, como ninguém ali estava apertado no tempo, o ritmo poderia ser moderado e foi o que ocorreu, hora um pouco mais lento, outra mais rápido fomos curtindo, pelo menos eu fui curtindo os últimos quilometros, de vez em quando dava uma esticada na frente, outra hora ficava mais pra traz, o que interessava agora é chegar somente isso, o percurso era tranquilo, sem muitas oscilações de subidas ou descidas. Amanheceu e estávamos em Theydon Bois, mais 4 km era Loughton, a chegada. A exatamente as 4:24 minutos do dia 4 de agosto, na companhia do meu companheiro de quarto no Hotel, o Mestre Richard P. Dunner,  foi registrada a minha conclusão no LEL. Com pouco mais de 108 horas depois da largada naquele mesmo local eu completei 1.551 kms pedalados em mais de 70 horas em movimento. Elevação de 11.250 metros. Abastecido com muita comida, muita água, sucos e refrigerantes. Cercado de muito carinho e atenção por parte dos voluntários que fizeram parte de umas das mais organizadas provas de estilo Randonneur que participei, estão todos de Parabéns! Parabéns ao Danial Webb que desde o inicio não se furtou a dar esclarecimentos nas duvidas que surgiam, enfim, fez um excelente trabalho.

Dedico essa participação a minha filha Bruna, obrigado meu amor, por cuidar dos negócios da família enquanto o papai sai para se aventurar nos LRMs mundo afora, sem você, acredito que não seria possível fazer o que faço e ser o ciclista que sou hoje. Agradeço a minha esposa, Mô obrigado por entender o meu esporte, sei que você não gosta muito, mas você está longe de causar qualquer empecilho para meus treinos e Brevets, as minhas filhas Karina e Leticia, aos meus amigos de treinos e companheiros de provas.

Agradecimento especial aos meus patrocinadores, a Concept Bike Store, a família Gugia, ao Colegio Ábaco na figura do amigo Marcos Saad, a Authos Fitness na figura do Luiz Gustavo que acreditou no projeto desde o inicio, ao Wilson e Fernando Buranello da Esthetic Aligner, ao Fernando Fazzane companheiro de BRMs da Agencia Pixel e a Amyna Sportwear.

Não poderia deixar de fora todos aqueles que participaram da minha campanha de arrecadação de fundos para a minha participação, todos representados por esses nomes que cito a seguir, Dalla PeDallador, Daniel Danimal, Divino, Klebones, Mauricio Maumau, Ivan, Russão, Rejão, João Mario, Cristiano Braga, Tom Moura, Jefferson Hideo, meu cunhado Mauro Barkauskas, ao casal Adriano e Barbara, Junior Juninho, Almir Dias, Marcio Lima, Jose Ferraz, Rodrigo Nascimento, Vinicius Martins, Bruno Fermino e Wilson Poletti.

Queria agradecer também aos voluntários do Audax ABC, que na minha ausência, fizeram que acontecesse o Brevet 200 no ABC com muito sucesso.

Muito obrigado, divido com vocês o sucesso dessa empreitada.

Abraço a todos

 

Ps : O 4 Kms  de volta pro hotel depois da chegada foram os mais difíceis e doloridos de toda a minha vida rsrsrs

Ahhhh!!!!! Respondendo a pergunta titulo desse relato:

Esse Tal de LEL é um dos LRMs que participei mais completos, é lindo por natureza, incrível como passamos por lindas paisagens e belos lugares, apesar do percurso não ter maiores dificuldades, o clima da região cuida dessa parte, em pleno verão, temperaturas baixas de até 7 graus centigrados, muita chuva e piso molhado, chuva e frio é uma péssima cobinação e vento por hora constante e por hora avassalador, esse tal de LEL só não sabia com quem estava falando, aqui é R10K rsrsrs. Por fim foi um prazer percorrer os mais de 1400 kms que ele nos propôs.

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